Cientistas de universidades dos Estados Unidos, da
Alemanha, da Grã-Bretanha e da Suíça realizaram um estudo que aponta que
mudanças climáticas ocorridas no passado podem ter contribuído para o
crescimento e o fim da civilização maia clássica, que habitou a região da
América Central há mais de mil anos.
O estudo foi publicado no site da revista
"Science", nesta quinta-feira (8). De acordo com os pesquisadores, já
era cogitada a hipótese de que o clima pode ter causado a desintegração da
sociedade maia, mas ainda não havia medições precisas sobre como e quando estas
mudanças climáticas ocorreram.
Pirâmide maia de Chichen Itza, no sul do México
Para chegar ao resultado, o pesquisador Douglas
Kennett, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, analisou junto com
seus colegas estalagmites de uma caverna de Belize, país da América Central. No
passado, o território onde hoje se encontra o país foi habitado pela
civilização maia.
Uma das estalagmites analisadas pelos cientistas
(Foto: Divulgação/Douglas
Kennett/"Science")
Os cientistas mediram os isótopos de oxigênio nas
estalagmites para saber como teria sido o regime de chuvas durante o período em
que os maias habitaram a região, aproximadamente entre os anos 300 e 1.000 d.C.
(Depois de Cristo).
Os dados indicam que épocas de intensas chuvas na
região coincidem com a expansão do povo maia e levaram a uma era de
prosperidade para a civilização, entre 440 e 660 d.C., principalmente pelo
desenvolvimento da agricultura.
Após esta época, os isótopos de oxigênio estudados
nas estalagmites apontam tempos de seca e estiagem. Estes períodos de seca,
entre 660 e 1.000 d.C., devem ter desencadeado uma queda na produção agrícola
dos maias e ajudado a desintegrar a sociedade e política deste povo
pré-colombiano, segundo Kennett.
A estiagem mais severa, entre 1.020 e 1.100 d.C.,
ocorreu após um colapso generalizado das cidades-estado da civilização maia. A
era de secas "aumentou as guerras e desintegrou o sistema político,
causando o colapso da população", sugerem os pesquisadores no estudo.
Muro de pedra produzido pela civilização maia, em Belize (Foto:
Divulgação/Douglas Kennett/"Science")