Durante décadas os ratos foram às espécies mais utilizadas em teste para
o estudo de doenças humanas. Porém pesquisadores revelam indícios de que essa
opção pode não ter sido a melhor escolha no caso de pelo menos três grandes
doenças responsáveis por mortes humanas – septicemia, queimaduras e traumas.
As descobertas feitas pelos pesquisadores não
significam que os ratos são modelos inúteis para a pesquisa de todas as
doenças. Segundo os autores, disseram que elas levantam sérias dúvidas a
respeito de doenças que envolvem o sistema imunológico, incluindo também o câncer
e doenças cardíacas.
"Nosso artigo sugere pelo menos a
possibilidade da presença de uma situação paralela", disse o Dr. H. Shaw
Warren, pesquisador especializado em septicemia do Hospital Geral de
Massachusetts e um dos autores principais do novo estudo.
A revista Proceedings of the National Academy of
Sciences, que publicou o artigo ajuda a explicar o motivo do fracasso de cada
um dos cerca de 150 medicamentos testados em pacientes com septicemia. Todos os
estudos e testes de drogas haviam sido baseados e realizados em ratos. Como se
veio a descobrir, os ratos sofrem de uma doença parecida com a septicemia que
acomete os seres humanos, más com uma grande diferença.
Segundo especialistas médicos que não são
associados com o estudo disseram que as descobertas devem mudar o curso de
pesquisa acerca dessa doença letal e frustrante em âmbito mundial. A septicemia,
uma reação potencialmente fatal que ocorre
quando o corpo tenta combater uma infecção, é também a principal causa
de morte em unidades de tratamento intensivo nos EUA.
"Essa descoberta muda tudo", disse o Dr.
Mitchell Fink, especialista em septicemia que atua na Universidade da
Califórnia, em Los Angeles, a respeito do novo estudo.
'É incrível', disse o Dr.
Richard Wenzel, presidente do departamento de medicina interna da Universidade
Virginia Commonwealth e ex-editor do The New England Journal of Medicine, sobre
o novo estudo. 'Eles foram absolutamente precisos.'
As respostas imunológicas
potencialmente letais ocorrem quando o sistema imunológico de uma pessoa reage
ao que percebe como sinais de perigo, incluindo moléculas tóxicas de bactérias,
vírus, fungos ou proteínas liberadas pelas células atingidas por traumas ou
queimaduras, disse o Dr. Clifford S. Deutschman, que dirige as pesquisas sobre
a septicemia na Universidade da Pensilvânia e não fez parte do estudo.
Fonte: The New York Times News Service/Syndicate